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Prisão: Culpa ou responsabilidade
A obra de misericórdia que nos coloca frente a frente com o “sub mundo” das prisões e a dramática realidade dos aprisionados, leva a mente, o coração e as atitudes humanas a transitar por um território complexo da culpa ou responsabilidade. No imaginário social e familiar, na mente das vítimas e seus defensores surgem muitas hipóteses e sentimentos. Não são estranhas opiniões como essas:
- “Bandido, já nasceu bandido”. Essa hipótese não é apenas uma opinião primária de muita gente, mas conta com a confirmação de um célebre criminalista italiano do passado recente. Ele afirmava que há delinquentes que vêm ao mundo, já em potencial, devido a fatores biológicos. Essa teoria, graças a Deus, está completamente superada nos meios científicos.
- “Eles escolheram esse rumo”. Na verdade, não sabemos onde estão as causas de tais atitudes. É muito difícil e complicado imaginar que alguém tenha esse tipo de liberdade para escolher o “mundo do crime”. Isso seria imaginar que os presidiários não sejam gente como a gente e como se as oportunidades fossem iguais para todos. Com facilidade a sociedade ignora, ou esquece as trágicas histórias que estão por trás de muitas dessas vidas.
- “Essa gente está colhendo o que plantou”. Neste tipo de julgamento busca-se até fundamentar na Bíblia, justificando uma opinião humana sem fundamento. Realmente toda a pessoa livre, honra sua liberdade sendo responsável. Isto nos humaniza e nos torna sujeitos da história. No entanto, infelizmente, somos em parte, o que a sociedade faz de cada pessoa, pois viver é também conviver. Nisso vão as marcas da vida familiar, o inconsciente coletivo, as condições de moradia, alimentação, saúde, trabalho, oportunidade escolar etc...
- “Não merecem tanta proteção”. Apesar da superlotação dos presídios e dos cuidados limitados na alimentação, na saúde e nas celas, afirma-se com facilidade que os presos têm “mordomias demais”. Neste juízo faz-se a comparação a tanta gente correta que sobrevive do lixo, que mora em casebres e palafitas. Esse tipo de pensamento não ajuda a mudar nem uma situação, nem outra. E assim vão se acomodando as consciências, contentando-se em observar e nada fazer.
- “Essa gente não merece visita”. Por tantas maneiras radicais de pensar chega-se a colocar uma barreira emocional ao apelo desta obra de misericórdia.
Em situação nenhuma e em nenhum lugar desfaz-se a “imagem de Deus” inscrita na pessoa humana. Essa imagem pode ser deformada, porém a capacidade de Deus no ser humano, como afirma Santo Agostinho, sempre é desconcertante e imprevisível. Por este motivo, jamais se pode desesperar do ser humano. Mesmo que a pessoa se encontre em situação de decadência, de eclipse ou de ocaso, ainda está a tempo para efetivar novos começos e mudar de rumo em sua história equivocada.