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Vamos compor um hino à bondade
Dizem que a cultura da indiferença vai se cristalizando em nós, quando vamos perdendo o senso do trágico, quando já não choramos mais com a dor alheia e não nos compadecemos mais com os abatimentos das multidões. Por outro lado, também podemos nos tornar indiferentes, quando perdemos o encantamento e abafamos a consciência da bondade. Este caminho de indiferença vai aumentando a geração mencionada por Jesus: “A quem vou comparar esta geração? É como crianças sentadas nas praças, gritando a outras: Tocamos flauta para vocês e vocês não dançaram. Cantamos lamentações e vocês não choraram” (Mt 11, 16-17).
Com grupos diferentes, treinou-se compor um hino à bondade. Em clima orante, buscou-se motivar os participantes para que evocassem realidades concretas, fatos e situações que expressassem bondade. Um dos grupos era formado por pessoas de uma forte e tradicional experiência religiosa. De imediato, os participantes foram evocando bondades de Deus, ajudas dos santos, resultados da fé etc... Outro grupo era formado por pessoas menos iniciadas na fé. O curioso é que este grupo listou uma imensidão de bondades de nosso chão, da vida diária, das coisas simples do cotidiano e das obras humanas.
Diante das diversas percepções na composição do hino à bondade, nota-se que as diferentes consciências da bondade não se opõem, mas se complementam. Quando aprendemos a compor o hino à bondade a partir do alto, podemos vir descendo, de modo franciscano até entoar o “louvado sejas meu Senhor pela irmã água, pelo irmão sol, pelo irmão fogo” etc... Mas também, quando nossa consciência de bondade é capaz de situar as bondades humanas nas coisas simples do dia a dia, poderá fazer um caminho de ascensão até a mais elevada bondade de Deus.
Parece que para qualquer modo de compor o hino à bondade, é fundamental superar ranços, pessimismos, miopias e indiferenças. “Vemos tão pouco com os nossos olhos; ouvimos tão pouco com nossos ouvidos. É limitado o alcance dos sentidos. Só vemos bem com o coração”. Martin Luther King referindo-se às muitas bênçãos do cotidiano convidava a pensar nas muitas bondades impressas nas coisas simples. Quantas pessoas se envolvem para fazer chegar até mim uma roupa que eu visto? Quanta contribuição entra em jogo para podermos calçar e usar um sapato? Quanto suor, desgaste e sacrifício humano para liberar uma estrada asfaltada?
Exercitar a consciência da bondade não é mero sentimentalismo, nem um alienado romantismo, mas um caminho para a esperança. Ninguém constrói na indiferença, nem menos na negação. Construímos mais vida nas vivas sementes da bondade, do bem, da verdade e da fé. Creio que a Encíclica “laudato Sii”, do Papa Francisco, seja uma excelente escola de aprendizado para ampliar a consciência da bondade, ao mesmo tempo um novo despertar otimista para aprender a compor um grande hino à bondade da criação e, consequentemente ao Criador.
ORAÇÃO: “Nós vos louvamos, ó Pai, com todas as vossas criaturas, que saíram de vossa mão poderosa. São vossas e estão repletas da vossa presença e da vossa ternura” (Francisco). Senhor, como é grande a vossa bondade em nos criar à vossa imagem e semelhança, em nos salvar por meio de vosso Filho Jesus e nos santificar pelo vosso Espírito. Todo o nosso viver está em vós, pois de vós viemos, em vós vivemos a para vós retornamos! Senhor, vossa bondade e misericórdia faz nascer o sol para bons e maus; faz cair a chuva sobre justos e injustos. Quereis que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Do nascer ao por do sol respiramos, vemos e comprovamos os sinais vivos de vossa bondade. Dai-nos sabedoria para percebermos também, tantas bondades vivas, que brotam do coração de vossos filhos. Dai-nos coragem e esperanças para superarmos a maldade pela bondade e que vosso Reino venha a nós. Amém!