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A Misericórdia de Deus no Novo Testamento
A partir de Cristo inaugura-se o Novo Testamento. Ele “é o rosto da misericórdia do Pai. O mistério da fé cristã parece encontrar nestas palavras a sua síntese. Tal misericórdia tornou-se viva, visível e atingiu o seu clímax em Jesus de Nazaré” (Francisco – MV, 1). “ A verdade revelada por Cristo a respeito de Deus ‘Pai das misericórdias’ permite-nos ‘vê-lo’ particularmente próximo do homem, sobretudo quando este sofre, quando é ameaçado no próprio coração da sua existência e da sua dignidade” (São João Paulo II – Dives in misericórdia, 2).
Todo o Novo Testamento comprova que Cristo é o ícone vivente do Pai, “rico em misericórdia” (Ef 2,4) e o revelador do mistério d’Aquele que é “o Pai das misericórdias” (2Cor 1,3). Esta revelação acontece:
EM SUA VIDA
No momento de inaugurar o seu ministério público, na sinagoga de Nazaré, Jesus lê e faz suas estas palavras do profeta Isaias 61, 1-2): “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor”(Lc 4, 18-19).
Quando João Batista procura certificar-se se Ele era o Cristo-messias, manda dizer-lhe: “Ide contar a João o que estai vendo e ouvindo: os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados, os suros ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciado o Evangelho” (Lc 7, 22-23).
Na verdade, a vida pública de Jesus sempre foi uma pregação misericordiosa junto a toda a forma de miséria humana. Ele dedicou sua vida a todos os que fisicamente ou moralmente necessitam de compaixão, de ajuda e socorro, de compreensão e de perdão. Toda essa dedicação misericordiosa lhe custou a hostilidade dos anestesiados pelo legalismo e a hipocrisia.
Em nome da misericórdia, faz-se amigo dos pecadores e frequenta suas mesas; comove-se diante da multidão que anda abatida como ovelhas sem pastor; socorre a todos os que sofrem de alguma enfermidade e os que clamavam: “Senhor, piedade!” (Mt 15,22; 17,15; 20,30-31). Jesus experimenta em sua própria carne a dureza do sofrimento humano: “Por isso, devia ser em tudo semelhante a seus irmãos, para que pudesse ser sumo sacerdote misericordioso e fiel diante de Deus, para expiar os pecados do povo. Como ele sofreu a provação pessoalmente, é capaz de socorrer aqueles que estão sendo provados”(Hb 2, 17-18).
“Portanto, compareçamos confiantes diante do tribunal da graça para obtermos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio oportuno” (Hb 4,16).
EM SUA PALAVRA
Para confirmar sua prática compassiva e condescendente com os publicanos e pecadores, diante da resistência e oposição religiosa e política, Jesus proclama as parábolas da misericórdia. Em linguagem poética e familiar, evoca o quadro da ovelha desgarrada e do pastor (Cf Mt 18, 10-14; Lc 15, 3-10) e da mulher e da moeda perdida (Lc 8,10). Nestas duas parábolas, Jesus acena para a festiva alegria que há no céu pelo reencontro-conversão, mesmo que seja só de um pecador.
A terceira parábola, com noções de fina psicologia paterna, mostra como um filho perdido é esperado por um pai que anseia seu retorno e, quando o vê de longe, move-se de compaixão e corre para dar-lhe o abraço da misericórdia. Diante do filho mais velho, representante da resistência e agente da exclusão, o pai afirma: “Era preciso se alegrar e festejar, porque este seu irmão estava morto e voltou a viver, estava perdido e foi encontrado” (Cf Lc 15, 11-32).
Todo o ser de Jesus, a Boa Nova por Ele proclamada e todas as suas ações, desde sua vinda ao mundo até o mistério Pascoal de sua morte e ressurreição, concretizam a vontade amorosa do Pai, tecida pelo incontido amor por seus filhos e pelo mundo. É esta realidade que é proclamada nos dois cânticos do Magnificat e do Benedictus, por Maria e Zacarias. Aqui celebra-se a misericórdia de Deus que veio envolver, de geração em geração, a todos aqueles que o temem. (Lc 1,50.54.72.78).
O Apóstolo Paulo, em suas cartas, com frequência menciona, exalta e aproxima a misericórdia de Deus, revelada em Cristo, atuando nos corações, na humanidade e na história. Com Paulo rezamos:
ORAÇÃO: Ó Deus que sois “rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amastes, deste-nos vida juntamente com Cristo, quando estávamos mortos em nossas faltas” (Ef 2, 4-5). “Bendito sejais Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação. Ele nos consola em todas as nossas tribulações, para que possamos consolar os que se acham em qualquer tribulação, por meio da consolação que nós mesmos recebemos de Deus”, Amém (2Cor 1, 3-4).