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Uma Páscoa necessária
Sempre foi difícil tentar interpretar a vida e a história. O difícil desta arte não significa complicação. Ao contrário: é por ser tão simples, que nos damos ao luxo de complicar de mil maneiras com nossas pretensões, apenas humanas. Isto nos faz ver a vida com olhar reduzido e imediatista, a ponto de vivermos em ritmo de bipolaridade existencial, oscilando entre o otimismo eufórico e a pessimismo depressivo.
A superficialidade e o imediatismo criam em nós uma sensação de vazio que termina questionando até mesmo o sentido da vida. Os recursos às ciências humanas tem seu valor, mas não garantem tudo. Necessitamos viver a dimensão Pascal da vida, antes e depois de celebrarmos o cerimonial da Semana Santa.
E se a Páscoa desaparecesse? Imaginemos que num belo dia acordássemos numa sociedade bem organizada, funcional, farta e monumental, mas vazia de espontaneidade e alegria de viver... Imaginemos que as pessoas virassem apenas cérebro sem coração, sem afetividade, sem poesia, sem intuição a ponto de esvaziar o mistério...
Ao colocarmos essas hipóteses contrastantes com os sonhos do coração humano, o fazemos para dar-nos conta de que, o sentido verdadeiro da Páscoa é a sua força revolucionária sempre ativa, atual e profunda. A globalização da esperança começa com a Páscoa de Cristo e, a partir dele difunde-se com nossas pequenas páscoas de cada dia. Esse princípio imbatível da esperança cristã não vem de uma ideia vaga, mas d’Aquele que desceu ao coração da terra, onde está a raiz da solidariedade, donde jorra o poder criador de Deus.
Sabemos e sentimos que a humanidade precisa voltar a sorrir. Não só a dar gargalhadas em momentos de euforia, mas permitir que o sorriso do rosto parta da alegria do coração, onde se experimenta a singeleza da ternura de Deus e a beleza de sermos irmãos. A Páscoa nos ensina que a alegria não é apenas uma euforia passageira, mas é movida por Cristo em homens e mulheres plenamente lúcidos quanto à situação do mundo, capazes de assumir os mais graves acontecimentos, interpretá-los e administrá-los com o vigor do Crucificado Ressuscitado.
A Páscoa não é apenas necessária anualmente em seu espaço do Ano Litúrgico. Páscoa precisa se tornar um ritmo da vida cotidiana, como chave de compreensão das alternâncias de nossas pequenas mortes e pequenas ressurreições de cada dia. “A cada dia morremos um pouco, mas também ressuscitamos um pouco”.