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A Oração e a Droga em Questão
Em 1974 chamou-me atenção um livro de um autor francês, que estava sendo lançado, com o título: "A Oração e a droga". O autor deste curioso livro é Jean Claude Barreau. Foi criado no ambiente ateu de sua família. Converteu-se aos vinte anos e tornou-se sacerdote, dedicando-se intensamente aos problemas humanos mais complexos.
Ao saber do livro, tive curiosidade de lê-lo, especialmente pelo título que trazia. Antes de abri-lo, porém, cheguei a pensar que fosse uma crítica maldosa à prática da oração dos simples. Na medida em que ia lendo percebia o quanto de verdadeira e sábia era sua reflexão. Depois da leitura até hoje, perdi de vista o livro, mas nunca esqueci alguns conteúdos importantes. O autor aproxima a oração e a droga para tirar conclusões pedagógicas.
O núcleo do assunto confirma que o caminho de ida para a oração é o mesmo que o caminho de ida para a drogadição. Este caminho começa movido pelo mesmo desejo: A busca da transcendência e o desejo de encontrar algo melhor. A ida para a oração acontece movida também pelo desejo de encontro, para uma experiência de bondade, de acolhida, de paz, felicidade e amor. O caminho de ida para a droga também se vê motivado a sair de um desconforto existencial, familiar, profissional etc... em busca de conforto, alento, paz, felicidade e superação.
O problema não é o caminho de ida para ambas as buscas. Toda a diferença acontece no caminho da volta, com suas consequências. Mesmo que a prática da oração seja um exercício exigente, o retorno para o cotidiano, tantas vezes opaco, se vê iluminado, fortalecido e esperançoso. A oração liberta e predispõe a uma vida rica de sentido por ser resultado da sintonia com Deus, em Cristo, pela ação do Espírito Santo, a ajuda de Maria e dos Santos.
O caminho de volta da drogadição pode oferecer uma prova de transcendência embrulhada em triste ilusão. Esta aventura, devolve a pessoa a si mesma sempre mais insatisfeita, conflituada e vazia. Nada mais responde a suas profundas aspirações a não ser o desejo compulsivo de se alienar sempre mais. Na busca de consumir a droga a pessoa vai se consumindo e anulando seu potencial humano, jogando-o no ralo da vida.
Evidentemente, tanto a ida para a droga, como para a oração, revela o quanto somos finitos e carregados de desejos infinitos. Como humanos, somos tão grandes e tão pequenos, tão livres e tão sujeitos à escravidão, tão fortes e tão fracos. Lembramos aqui as palavras do Papa Francisco, pronunciadas no dia 25 de julho 2013 na visita ao hospital São Francisco que promove a recuperação dos dependentes químicos:
"Não é deixando livre o uso das drogas que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz... promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida em comum...dando esperança no futuro. Existe um futuro certo, diferente das propostas ilusórias que dá nova força à vida de todos os dias... Não roubemos a esperança dos jovens!"