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Resgatar a festa dominical
Não é bom viver de saudades, mas é bom ter saudade das experiências que marcaram a vida positivamente. Uma das boas lembranças que cultivo é o modo como vivi o Domingo na minha infância. Já o dia de sábado começava trazer os ares e o gosto da festa dominical. Encaminhava-se tudo, para que o dia seguinte fosse vivido no aconchego familiar e na celebração da comunidade. Sabia-se que o Domingo era um dia sagrado e diferente.
Os tempos foram passando, as transformações foram acontecendo, as mentalidades foram mudando, os meios evoluíram, mas o sentido original do Domingo não mudou. O rigorismo da lei da obrigatoriedade da Missa Dominical e as intrigas familiares por sua observância, foram machucando o verdadeiro rosto do Dia do Senhor. O tom impositivo da obrigatoriedade, sem motivações, desgastou muito a imagem do Domingo. A Igreja, porém nunca cessou de publicar o seu sentido benéfico e verdadeiro à vida humana e à sociedade.
Em lugar de ser um simples feriado, o Domingo precisa ser acolhido como tempo favorável à vida para fazer a experiência mais elevada da dignidade humana. Por ser a Páscoa semanal do Cristão, o Domingo é o nosso dia mais precioso. A ele aplica-se a exclamação do Salmista: “Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria” (Sl 118 (117), 24).
Antes das mais diversas manifestações festivas dominicais, o Domingo deve provocar a festa na consciência e no coração da pessoa. Sendo assim, não passaremos para a segunda feira, como se nada tivesse acontecido no dia anterior. A segunda feira necessita carregar uma bagagem de novas motivações de vida e de fé para podermos sustentar a coragem da luta e o sentido do cotidiano.
O Domingo celebra o início da “nova criação” (Cf 2Cor 5,17); vive e revive a ressurreição de Cristo e n’Ele a nossa sucessiva Páscoa da vida, celebrada no momento Eucarístico semanal. Um autor do século IV, numa homilia dominical dizia que o “dia do Senhor” é o “Senhor dos dias”. São Jerônimo afirma: “O domingo é o dia da ressurreição, é o dia dos cristãos, é o nosso dia”. E o Concílio Vaticano II deixa claro que o Domingo é “o principal dia de festa”. Foi assim estabelecido não só para dividir o ritmo do tempo, mas para nos revelar o sentido profundo do tempo.
Concluo este artigo, citando o Beato João Paulo II: “ É Cristo quem conhece o segredo do tempo e da eternidade e nos entrega o ‘seu dia’, como um dom sempre novo do seu amor. É preciso implorar a graça da descoberta sempre mais profunda deste dia, não só para viver em plenitude as exigências próprias da fé, mas também para dar resposta concreta aos anseios íntimos e verdadeiros existentes em todo o ser humano. O tempo dado a Cristo, nunca é tempo perdido, mas tempo conquistado para uma profunda humanização das nossas relações e da nossa vida”. (Carta apostólica Dia do Senhor).