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ONDE COMEÇAM OS BONS RELACIONAMENTOS
Decidi começar este assunto contando uma experiência que vivi há mais de quarenta anos. Por questão de temperamento pessoal, reforçado pela rigidez da formação dos seminários, sentia-me muito reservado e tímido. Em nome da modéstia, ensinada no tempo de noviciado e cultivada nos primeiros anos de vida religiosa, quando saia pela rua, andava de cabeça baixa, sem olhar para os lados.
Numa pequena cidade em que devida começar a viver como frade, fiquei intrigado porque o povo não me saudava. Fui tentado a acusar aquela gente de frieza e indiferença. Tive vontade de me fechar no convento e resistir a qualquer desafio pastoral. Num retiro, comecei a questionar-me se devia continuar esperando que o povo me saudasse, ou se eu deveria levantar a cabeça e começar por saúda-lo.
Decidi voltar do retiro e começar um exercício diferente e tomar a iniciativa da aproximação. Criei coragem! Custou-me, mas comecei sair pela rua e saudar a quem quer que encontrasse no caminho, mesmo sem conhecer. Fui vendo que tudo começou a mudar. As pessoas foram se tornando amigas e tudo foi se tornando favorável para um bom trabalho pastoral.
Onde começam os bons relacionamentos? Temos a tendência de imaginar que estes dependem dos outros e a nós cabe esperar o melhor. No entanto, assim pouco ou nada acontece. Como o verdadeiro amor sempre começa por uma iniciativa e nunca no jogo de espera, assim também são os bons relacionamentos de proximidade, amizade e solidariedade.
Um dia vi um grupo de crianças brincando de roda. A professora ensinava que o jogo de roda mostra o verdadeiro jeito de aproximação. Quando cada criança dá um passo em frente todas se aproximam. Quando cada uma teima em ficar onde está a distância continua. Se umas dão o passo em frente e as outras não, rompe-se a roda criando a desarmonia. Assim acontece no mundo dos humanos relacionamentos. Cada pessoa é chamada a dar o primeiro passo.
Uma pessoa bem relacionada,cria bons relacionamentos. Na vida, precisamos nos convencer que, ninguém é melhor do que ninguém, mas todos somos menos sem o outro. Todos necessitamos de ajuda e podemos ajudar. Ninguém é tão pobre que nada tenha a oferecer e ninguém é tão rico que nada precise receber.
A vida de cada um de nós se enriquece ou se empobrece conforme nossos relacionamentos. Disto podemos deduzir que cada pessoa pode oferecer uma riqueza especial para os outros, quando souber se antecipar e oferecer o melhor de si. É mais fácil que alguém nos ofereça um sorriso se antes formos sorridentes. É mais garantida a saudação dos outros, se antes soubermos saudar. É mais provável a solidariedade dos outros para nós, quando soubermos ser solidários. “ Pois, é dando que se recebe; perdoando que se é perdoado” (São Francisco). É amando que se é amado.
O jeito é não ficar esperando para que os bons relacionamentos venham a nós, mas aprendamos a sair de nós para que os outros entrem e nosso coração.