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Para onde vamos nós?
Há alguns anos, numa peregrinação à terra Santa, passando de Jerusalém a Jericó, encontramos um grupo de Beduínos à beira do Caminho, migrando com seu rebanho em busca de pastagem. Alguém do nosso grupo perguntou a um deles para onde estavam indo. De imediato respondeu: “Vamos indo para casa!” Nossa guia, que era Judia, nos explicou que eram nômades e sua casa era a próxima parada, onde permaneceriam até que houvesse pastagens para o rebanho. Depois seguiam adiante. Na verdade, sua casa era o caminho.
Para onde vamos nós? Imaginemos se um repórter passasse um dia entrevistando as pessoas nas ruas de uma grande cidade com a mesma e única pergunta: “Para onde vais”? Com certeza, todos, ou quase todos, responderiam indicando o lugar imediato para onde estariam se dirigindo: lugar de trabalho, moradia, escola, espaços de lazer etc... Nem poderíamos esperar outras respostas, a não ser a indicação do imediato.
Porém, a experiência dos Beduínos e a dinâmica da fé nos sugere outros horizontes sempre mais amplos e infinitos para onde nos dirigimos, sempre. No mesmo caminho, onde vamos indo para nossas paradas imediatas, nosso espírito não pode parar por ali, nem se fixar como se fosse a última parada.
Fixar-se, parece ser um sonho natural dos humanos. Criar espaços seguros; construir moradias com todas as possíveis comodidades; fazer jardins e montar cenários deslumbrantes leva tantos a investir tudo, como se fôssemos eternos no tempo e ilimitados no espaço.
Mas a vida humana não consegue parar por aqui, nem contentar-se com o que é finito. “Porque não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que está para vir” (Hb 13,18). É constitutivo de nossa condição humana sermos peregrinos. Nossa história é uma passagem com datas de chegada e data de partida para o encontro definitivo. Nossos cemitérios costumam registrar o percurso do tempo que por aqui passamos numa lápide memorável.
Para onde vamos nós? Viemos de um passado e vivemos num presente, rumo a um futuro que nos coloca sempre em estado de peregrinos. Não nos cabe truncar nossas mais profundas aspirações e negar a necessidade de eternização de nosso viver. Como finitos estamos sempre impelidos ao infinito.
Aqui, enquanto caminhamos na terra, pode acontecer um pouco de tudo, mas nunca poderemos apagar de nossa existência a eternidade que nos motiva a investir naqueles bens que vão garantir a plenitude. Crer, amar e esperar parece ser a atitude cotidiana mais adequada para quem quer chegar bem onde completaremos o projeto de vida, que Deus colocou em nossas mãos, como dom e responsabilidade.
Sempre me chama atenção o testemunho de uma jovem Senhora cadeirante. Semanalmente vem para a celebração, acompanhada com sua enfermeira. Diz para todos que é uma pessoa feliz porque crê. “A fé me faz andar! Se as pernas não me ajudam, o espírito me leva e traz, onde encontro ânimo e motivos de viver”.