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Novos Tempos em Cristo
“Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher. Nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a adoção de filhos” (Gl 4, 4). Tamanha é a importância do acontecimento Cristo no tempo que a história humana passa do Antigo ao Novo Testamento, do antes e do depois de Cristo. Parece que a tempo zerou e tudo começou de novo. Nós, cristãos nomeamos os anos que vão passando, a partir de Cristo.
Os tempos da chegada de Cristo não eram tempos resolvidos. Ao contrário eram uma etapa de tempos inquietantes e tensos. O povo de Israel era abatido por tanta desgraça que já não tinha graça de viver o presente. O que o animava era a esperança do futuro. A vinda do Messias tomava conta da atenção religiosa do povo. Cristo chegou dentro da expectativa de novos tempos para a história, como tempo favorável (Kairós).
Dentro de tanta espera, não é de se surpreender que o primeiro anúncio de Jesus refira-se ao tempo: “O tempo está realizado e o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15). Nele se cumpriam as promessas e expectativas do passado e se abriam os novos caminhos do futuro. Este é o Reino chegando, aurora nascendo e a fonte jorrando. Jesus está vivo no meio de nós. Tudo de novo renasce de Deus.
Todo o ser, o falar e o agir de Jesus confirmam a inauguração de um tempo novo. “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor” (Lc 4, 18-19). Depois de fechar o livro e diante de uma assembléia em suspense, Jesus afirma com toda a determinação: “Hoje se cumpriu esta passagem que acabastes de ouvir” (Lc 4,21).
Este tempo novo, nada tem a ver com a imaginação de um Cristo, como personagem caído do céu. Ele faz seu o passado de sua gente. Condivide a fé monoteísta dos pais, o culto do sábado e do tempo, os mandamentos e a espiritualidade da aliança.
Mesmo que totalmente situado no espaço e no tempo, Jesus não tarda a ser visto e reconhecido em sua impressionante originalidade e com seu gênio particular. Nele, tudo é novo, até mesmo o antigo que partilha com seu povo. Nova é sua referência a Deus, considerado seu Pai; novo o seu respeito pela lei que veio aperfeiçoar e não abolir; nova a sua consciência de pertencer ao povo eleito, abrindo-se ao universalismo; nova a espera messiânica, longe de ambições triunfalistas; nova é a estima pelo tempo presente como tempo oportuno de conversão; nova é a projeção em relação ao futuro, não mais visto como restauração de Israel em seus direitos, mas como salvação universal.
Dentro desta nova dinâmica do tempo é que a Igreja vive sua vocação e missão. O Ano litúrgico que celebramos, com seus ciclos, é o modo mais favorável para o exercício da santificação do tempo com seus domingos e dias normais.